O ensino superior no domínio têxtil

O ensino superior no domínio têxtil em Portugal desenvolveu-se até ao início dos anos 70 nas Universidades do Porto, Coimbra e Técnica de Lisboa em disciplinas de opção de algumas licenciaturas em Engenharia (Mecânica e Química) ou em cursos de especialização. Só a partir de 1975, com a fundação da Universidade do Minho surgiram os primeiros cursos superiores em Engenharia Têxtil.

Historial do têxtil em Portugal

As artes têxteis em Portugal remontam a tempos imemoriais. O início da industrialização porém pode situar-se nos finais do século XVIII.

Em tempos mais recentes, com o crescimento do sector algodoeiro nos distritos de Braga e Porto desenvolveu-se uma actividade comercial considerável com as colónias tanto na aquisição de matérias primas como no escoamento dos produtos acabados. Devido às mudanças políticas e sociais ocorridas no pós 25 de Abril de 1974, e com a independência das colónias, Portugal voltou-se para a Europa tornado-se membro da União Europeia em 1986.

Nas décadas de 70 e 80 a industria têxtil e do vestuário portuguesa desenvolveu as suas actividades principalmente devido a custos de mão de obra comparativamente mais baixos, proximidade de localização geográfica e afinidade cultural que favoreceram a deslocalização dos meios de produção de outras partes da Europa onde os custos da mão-de-obra eram consideravelmente mais elevados. A modernização do sector tem vindo a processar-se ao nível das empresas e das infraestruturas de apoio desde os finais da década de 80. O apoio do Estado Português e da UE concedidos através de programas como o PEDIP, RETEX e IMIT, entre outros, em muito contribuíram para essa modernização.

O sector têxtil e do vestuário assume uma elevada importância em Portugal pois representa em torno de 25% da produção da indústria transformadora e é o principal sector exportador com uma quota de cerca de 30% do total da indústria transformadora (80% do seu produto é dirigido para o exterior do espaço português), o que se reveste de particular relevo dado o facto do país apresentar um défice comercial significativo.

A importância deste sector tem-se mantido ao longo dos anos, por quanto os outros sectores da indústria no seu conjunto não têm conseguido crescer relativamente ao sector têxtil e do vestuário.

O sector está estruturado dominantemente em empresas de pequena dimensão. Em 1996, a percentagem de empresas com facturações inferiores a 500 mil contos era de 93%.

Perspectivas futuras

A estratégia de desenvolvimento sustentado do sector deverá enquadrar-se numa estratégia de desenvolvimento europeia, pautada pela estratégia da Resposta Rápida e outras a ela associadas, incluindo a formação de parcerias e agrupamentos de empresas transnacionais. O desenvolvimento do design e da inovação em termos de novos produtos e processos, as tecnologias mais limpas, o desenvolvimento do marketing e a orientação para segmentos de mercado de elevado valor acrescentado, deverão ser acompanhados por estratégias de redução dos custos, baseadas num aumento da eficácia e não numa redução de salários.

Os Têxteis Técnicos, incluindo o vestuário de protecção e os materiais compósitos, que constituem parte dos novos materiais, muito leves e extremamente resistentes, são produtos têxteis aplicados em áreas onde o desempenho técnico é primordial, o que os diferencia do vestuário e têxteis-lar comuns, onde a estética representa um papel importante e o desempenho técnico é mais limitado. Estes produtos são aplicados em domínios muito diversos como os transportes, a aeronáutica e a aeroespacial, a medicina, a construção civil, a agricultura, a indústria militar, o desporto, o vestuário de protecção, etc. Este sector da indústria tem conhecido nos últimos anos um crescimento verdadeiramente espectacular, resultante das múltiplas aplicações que vão sendo descobertas para estes materiais.